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Diretor-Geral da AIEA visita instituições de pesquisa nuclear do Brasil

Publicada em: 07/07/2025 09:51 - Notícias

Entre os dias 23 e 27 de junho, o Diretor Geral Adjunto e Chefe do Departamento de Cooperação Técnica da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)Hua Liu, esteve no Brasil, pela primeira vez exercendo esse cargo, para conhecer, segundo informou o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Francisco Rondinelli Júnior, algumas das instalações nucleares e radioativas do país, bem como alguns projetos de desenvolvimento tecnológico que vêm sendo desenvolvidos por instituições brasileiras que atuam no setor.

Diretores da AIEA, Hua Liu e Raul Ramirez, em visita institucional à sede da CNEN, acompanhados do presidente, Francisco Rondinelli Júnior, e demais diretores, no dia 23 de junho de 2025. (Foto: Bianca Wendhausen/CNEN)
Diretores da AIEA, Hua Liu e Raul Ramirez, em visita institucional à sede da CNEN, acompanhados do presidente, Francisco Rondinelli Júnior, e demais diretores, no dia 23 de junho de 2025. (Foto: Bianca Wendhausen/CNEN)

O primeiro compromisso da autoridade foi na sede da CNEN, na cidade do Rio de Janeiro. Acompanhado do Chefe de Seção do Departamento de Cooperação Técnica para América Latina e Caribe, Raul Ramirez Garcia, Hua Liu se reuniu com o presidente da comissão e integrantes da alta direção da autarquia, para conhecer o seu papel na transferência de tecnologia nuclear para o setor privado, as conquistas mais recentes na infraestrutura regulatória do país, além de acompanhar uma apresentação sobre as atualizações do Acordo Regional de Cooperação para a Promoção da Ciência e Tecnologia Nucleares na América Latina e no Caribe (ARCAL), a qual é supervisionado pela própria agência.

Outro assunto discutido nessa reunião com a cúpula da CNEN foi a aplicação da metodologia CLEW (climate, land, energy and water) da AIEA, que integra ferramentas para modelagem quantitativa e tem o propósito de desenvolver o uso estratégico da energia, água e terra em prol de resiliência climática.

Sr. Hua Liu em reunião na sede da CNEN. (Foto: Bianca Wendhausen/CNEN)
Sr. Hua Liu em reunião na sede da CNEN. (Foto: Bianca Wendhausen/CNEN)

Contribuições das unidades da CNEN para o impulsionamento do setor nuclear

Na programação de visitas às instituições de ciência e tecnologia nuclear do Brasil, o diretor-geral da AIEA também esteve no Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN), unidade técnico-científica da CNEN localizada dentro do campus da UFRJ, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 24 de junho.

Diretor Hua Liu recebendo a explicação do chefe da Dinuc/IEN, Francisco José de Oliveira, sobre o funcionamento do Reator Argonauta. (Foto: Bianca Wendhausen/CNEN
Diretor Hua Liu recebendo a explicação do chefe da Dinuc/IEN, Francisco José de Oliveira, sobre o funcionamento do Reator Argonauta. (Foto: Bianca Wendhausen/CNEN

Recepcionado pelo diretor do IEN/CNEN, Cristóvão Araripe Marinho, a autoridade internacional conheceu os principais projetos do instituto para a difusão do saber científico e para o uso benéfico e inovador do setor nuclear, em diversas áreas, como os trabalhos desenvolvidos pelo Laboratório de Realidade Virtual (LabRV/IEN), pelo Laboratório de Radiotraçadores, pelo Laboratório de Nanorradiofármacos, além de conhecer a sala de controle e a instalação onde está abrigado o Reator Argonauta, que é o primeiro reator de pesquisa construído no Brasil, com matéria-prima nacional.

Desde o dia 23 de junho, o IEN/CNEN está sediando o curso “Nems - Nuclear Energy Management School”, mantido pela AIEA, para preparar os Estados-Membros da agência, como o Brasil, a treinar futuras lideranças na gestão de programas de energia nuclear e aplicações nucleares. E o diretor Hua Liu aproveitou a ocasião do curso para saudar os treinandos e incentivá-los a seguirem se especializando na área nuclear:

Diretor Hua Liu discursando para a turma do Curso NEMS, da AIEA, que acontece no IEN até 4 de julho. (Foto: Bianca Wendhausen/CNEN)
Diretor Hua Liu discursando para a turma do Curso NEMS, da AIEA, que acontece no IEN até 4 de julho. (Foto: Bianca Wendhausen/CNEN)

“É fundamental que vocês, como profissionais, sigam se atualizando, mantendo seus conhecimentos e experiências em constante evolução. O conhecimento nuclear é essencial para enfrentar os desafios sociais e econômicos que temos pela frente. Nosso Diretor-Geral, Rafael Grossi, lançou recentemente a iniciativa ‘Átomos para o Amanhã’, que será implementada no próximo ano. Ela prevê a integração da energia nuclear – especialmente os reatores modulares pequenos (SMRs) – aos pacotes de energia limpa, em cooperação com fontes renováveis. Isso permitirá que os países combinem diferentes fontes em suas matrizes energéticas. Alguns de vocês, estudantes e profissionais aqui presentes, estão se preparando para esse futuro: para desenvolver e operar reatores nucleares e integrar a energia nuclear às estratégias nacionais de energia”.

E ele concluiu seu discurso afirmando que “os equipamentos podem ser comprados de outros países, mas os recursos humanos são o ativo mais importante”.

Já no dia 26, a comitiva que acompanhava o diretor viajou para a cidade de São Paulo, para visitar o Centro de Tecnologias de Radiação abrigado pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), outra unidade pertencente à CNEN. Esse centro, voltado à segurança da informação e proteção no contexto nuclear, possui o reconhecimento da AIEA como “Collaborating Centre on Computer Security, Radiation Detection and Physical Protection for Nuclear Security”.

Comitiva do Diretor da AIEA em frente à unidade móvel para tratamento de efluentes industriais pertencente ao IPEN/CNEN. (Foto: Emanuel Galdino/IPEN)
Comitiva do Diretor da AIEA em frente à unidade móvel para tratamento de efluentes industriais pertencente ao IPEN/CNEN. (Foto: Emanuel Galdino/IPEN)
 

Também foi apresentado o Espaço Cultural Marcello Damy, local que abriga uma exposição permanente sobre a história do Ipen, o Irradiador Multipropósito de Cobalto-60, instalação que usa a radiação gama emitida por fontes radioativas para preservação de bens culturais, conservação de alimentos, esterilização de produtos médicos, entre outras finalidades, e também a unidade móvel para tratamento de efluentes industriais.

A viagem do Chefe do Departamento de Cooperação Técnica da agência pelo Brasil se encerrou na última sexta-feira, dia 27, em Iperó, no interior de São Paulo, no local onde está sendo construído o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), empreendimento executado pela CNEN, que visa garantir a autossuficiência do país na produção de radioisótopos e será o principal centro nacional de pesquisas para as aplicações da tecnologia nuclear.

José Augusto Perrota, líder do projeto do Reator Multipropósito Brasileiro, em Iperó-SP, apresentando aos diretores da AIEA o mapa de construção do empreendimento. (Foto: Wander Roberto)
José Augusto Perrota, líder do projeto do Reator Multipropósito Brasileiro, em Iperó-SP, apresentando aos diretores da AIEA o mapa de construção do empreendimento. (Foto: Wander Roberto)

Impressão Positiva

Além de visitar instituições pertencentes à Comissão Nacional de Energia Nuclear, o  engenheiro e cientista chinês esteve na Secretaria Naval de Segurança Nuclear e Qualidade (SecNSNQ) da Marinha do Brasil, e no Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), em Niterói, para conhecer as principais entregas e avanços promovidos pelo equipamento de SPECT (Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único), que foi doado para o hospital através de uma parceria entre a AIEA e a Universidade Federal Fluminense (UFF).

Ao fazer um balanço sobre o que lhe foi apresentado ao longo desta semana, o Hua Liu destacou que instituições, como a CNEN, cumprem um papel muito importante para desenvolver tecnologia nuclear, capacidade de construção e o treinamento das pessoas, especialmente no que tange à operação de reatores e pesquisa farmacêutica:

“Esta é a primeira vez que visitei o Brasil. Acho que recebi muita informação importante e conhecimentos que obtive de agências governamentais, de cientistas e engenheiros. Acredito que, através da cooperação com a AIEA, podemos trabalhar juntos e aumentar a capacidade da tecnologia nuclear do Brasil. Também expresso os meus desejos para o sucesso desses institutos”.

Sobre a visita ao local onde será erguido o Reator Multipropósito, o diretor elogiou o compromisso das instituições brasileiras em desenvolver uma infraestrutura nuclear moderna e segura, e reforçou o papel do país como referência em energia nuclear para fins pacíficos na América Latina.

“O RMB será muito importante para a pesquisa científica e também para o desenvolvimento econômico do Brasil. Estou profundamente impressionado com a estrutura e o planejamento estratégico conduzidos pela Cnen. Eu espero que o RMB se torne uma realidade o quanto antes”, comentou Liu.

Escrita por: José Lucas Brito

Ciência e Tecnologia
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